segunda-feira, 22 de junho de 2009

Momento InSÓlito


Momento InSÓlito

Finalmente...a porta do palácio estava aberta.
Entrou...
Meio Cinderela...como se vislumbrasse um templo
Onde não poderiam pisar os seus pés profanos
Olhou quadros,fotos,paredes,cada vitral...
Deslumbrada e encantada,
Pelo universo que não conhecia,
Admirou cada vulto...
Cada marca de uma realidade que não lhe pertencia
Seu mundo era lá fora,
Às margens do irreal,
No paraíso da Terra do Nunca.
Onde não havia fronteiras
E todos eram iguais.
Empolgada com tanta beleza
Entre os cristais e riquezas que ali havia
Não tinha noção de que não poderia
Fazer parte daquele mundo mais que um dia.
Olhou o relógio na parede...
Deixou-se perceber ... Embriagou-se de alegria
Sem saber que a magia seria censurada
Pelo badalar das horas que a noite anunciava
Ah,Cinderela...por que não vieste como Sininho
Voando pequena como uma borboleta
Que,por sua liberdade, não se deixa notar?
Sairias pela janela,sem sequer ser percebida
E voltarias na magia de outra tarde de outono.
E ,quem sabe,com sua varinha de condão,
Se transformasse em princesa,
Ou na fumaça do incenso, num instante volátil,
Ou até, quem sabe, em um castiçal que merecesse estar ali
E ser brindado com uma vela perfumada
No templo onde seus pés profanaram?

Regina Xavier
2009